O pinhão-manso, além de ter um forte potencial na produção do biodiesel, devido a alta quantidade e qualidade do seu óleo, é considerado uma cultura ideal para agricultura familiar, pois exige o uso intensivo de mão-de-obra, gerando ocupação e distribuição de renda; não concorre diretamente com a produção de alimentos; é planta perene, contribuindo com o sequestro de carbono.
O pinhão-manso (Jatropha curcas) é uma euforbiácea rústica típica de clima tropical. Durante muito tempo foi cultivado como cerca viva, suas sementes eram utilizadas como vermífugo e o óleo usado na fabricação de sabão e combustível para lamparinas.
Com o crescimento da demanda por biocombustíveis, o alto teor de óleo nas suas sementes, o transformou na grande promessa como matéria-prima para o biodiesel.
Características da planta
O pinhão-manso é uma cultura perene que pode sobreviver em condições adversas, porém, sobrevivência não é sinônimo de produtividade.
A produtividade satisfatória só acontece com tratos culturais específicos, ressalvando as peculiaridades de cada propriedade. A planta pode produzir acima de 4 t de grãos por ha e até 38% de óleo nas amêndoas, ou 1500 kg de óleo por ha. Seu óleo apresenta excelentes características físico-químicas para a produção de biodiesel.
Semeadura e plantio por mudas
A implantação da lavoura de pinhão-manso pode ser feita através de plantio por semente ou mudas.
O semeio direto no solo reduz os riscos de danificação da raiz no momento do transplantio, que pode ocorrer com a disseminação da cultura através de mudas. No entanto a utilização de mudas evita o replantio, reduz o ataque de formigas, minimiza perdas por estiagem e acidentes com as plantas recém-nascidas, além de garantir a homogeneidade da lavoura e melhor qualidade das plantas.
Mudas de pinhão-manso em bandeja de 50 células com aproximadamente 20 dias.
Fruto trilocular de pinhão-manso seco
Época de plantio
Por ser uma cultura de clima tropical e apresentar estágio de repouso vegetativo na estação fria e seca do ano, em plantios de sequeiro, o semeio ou plantio das mudas deve ser feito no início da estação chuvosa.
Espaçamento
O espaçamento 4x2 até o momento mostrou-se mais adequado para pequenas áreas, permitindo inclusive o consórcio com outras culturas, atingindo uma densidade de 1.250 plantas por hectare. Entretanto, (segundo Tominaga) para a utilização de máquinas e equipamentos nos tratos culturais, o espaçamento indicado seria 6x2-3x2, atingindo um total de 1.144 plantas.
Visualização do espaçamento 4x2
Correção e adubação
É indispensável à realização de uma análise de solo para a determinação do pH e de suas deficiências nutricionais antes, definindo as recomendações de adubação e calagem para cada propriedade. Recomenda-se um pH acima de 5,5, adubação com NPK para as condições gerais do cerrado no triângulo mineiro e adubação de cobertura a base de nitrogênio.
Preparo do solo
Pragas e doenças
O pinhão-manso é susceptível ao ataque de algumas pragas, como: Ácaro-branco, ácaro-vermelho, cigarrinha verde e oídio. O controle pode ser feito com os seguintes produtos:
Ácaro branco – Endosulfan
Ácaro vermelho – Dimetoato, Dicofol
Cigarrinha verde – Chlorpirifós, Metamidofos, Tiametoxan (wg), Dimetoato
Oídio – Pulverização de enxofre em pó – leite cru (solução em água a 10%).
Colheita
No pinhão-manso ocorre de três a quatro florações por ano, por isso sua colheita se dá de forma parcelada de janeiro a maio. Além disso, a maturação nos cachos é desuniforme, portanto sua colheita é manual, colhendo em cada etapa apenas os frutos maduros.
Esta particularidade pode parecer um sério problema, porém para os pequenos agricultores é solução, pois a colheita não sendo concentrada em poucos dias facilita a utilização da mão de obra disponível. Fabricantes de equipamentos já estão desenvolvendo máquina para a colheita.
Consórcio
As culturas plantadas em conjunto com o pinhão-manso, são uma fonte de renda extra. Todavia a escolha de uma cultura para consórcio deve obedecer a alguns pré-requisitos como: não competir por luminosidade, água e/ou nutrientes, nem servir de hospedeiro para pragas e doenças do pinhão-manso.
A escolha da cultura a ser consorciada depende ainda das singularidades de cada propriedade. O consorciamento com leguminosas de pequeno porte é uma boa opção, já que repõem nitrogênio no solo.
Pinhão-manso consorciado com feijão.
Utilização da torta como adubo orgânico
A torta de pinhão-manso é tóxica, por isso até que se descubra um método eficiente e economicamente viável para utilizá-la como ração animal, seu destino é a transformação num ótimo adubo orgânico de alta concentração de NPK, além de ser rico em matéria orgânica e seu uso ser ecologicamente correto.